O INSS e o Ministério da Previdência atribuem o crescimento da fila às greves de servidores e peritos médicos ocorridas em 2024, além do aumento no volume de requerimentos.
Outro fator que contribui para o aumento da fila são as falhas recorrentes nos sistemas da Dataprev, utilizados pelos servidores do INSS para análise e concessão de benefícios.
“Isso é grave, traz prejuízo, alongamento de serviço, e a gente está em negociação direta com a Dataprev para melhorias do sistema”, afirmou Gilberto Waller Jr., presidente do INSS em entrevista ao Em Ponto.
“A Dataprev mostrou um cronograma de mudança dos seus equipamentos até dezembro. Sistemas esses antiquíssimos, sistemas esses que são em linguagem que nenhum programador hoje trabalha, uma coisa assim jurássica. Quando eu entrei no serviço público federal já era aquele tipo de sistema.”
Com o aumento da fila, o tempo médio de espera para o recebimento de benefícios também cresceu. Em junho, a média foi de 51 dias.
O pico da fila foi registrado em março deste ano, com mais de 2,7 milhões de brasileiros aguardando a aprovação de benefícios.
Desde então, o INSS promoveu mutirões e autorizou o pagamento de bônus a servidores que superarem as metas de análise, como forma de reduzir o volume de pedidos pendentes.
Análise de recursos também enfrenta atrasos
O prazo para o INSS encaminhar recursos administrativos ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) também teve aumento expressivo no último ano.
Esses casos envolvem cidadãos que tiveram o benefício negado e decidiram recorrer. As solicitações precisam ser analisadas pelo Conselho.
No terceiro trimestre de 2024, o tempo médio para o INSS encaminhar esses recursos ao CRPS era de 93 dias. No segundo trimestre de 2025, esse prazo saltou para 310 dias — um aumento de 233%.
Diante desse aumento, o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário enviou um ofício ao órgão nesta semana, solicitando melhorias e mais transparência no processo de análise dos recursos de benefícios inicialmente negados.