Cúpula do Brics chega ao fim com pedido por financiamento climático; entenda
A reunião de cúpula do Brics chegou ao fim nesta segunda-feira (7), após dois dias de encontros entre países-membros do grupo. Como último ato, foi divulgada uma Declaração-Marco dos Líderes do Brics sobre finanças climáticas. No texto, o grupo pede por financiamento climático mais justo e eficaz.
“Nós, os Líderes do Brics, determinados a liderar uma mobilização global por um Sistema Monetário e Financeiro Internacional mais justo e eficaz para ampliar as finanças climáticas. Comprometemo-nos a empregar nossa força econômica e capacidade de inovação para demonstrar que a ação climática ambiciosa pode promover a prosperidade e um futuro melhor para todos.”
A declaração também reforçou o compromisso com a defesa e revitalização do multilateralismo, “necessário para enfrentar os desafios que ameaçam o planeta e futuro comuns”. Leia o documento na íntegra abaixo.
Em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira (7), o presidente Lula, anfitrião do evento no Rio de Janeiro, também defendeu o multilateralismo e modelo de financiamento no Brics.
Ele classificou o encontro como “a mais importante reunião que o Brasil já tenha feito”. Ressaltou, ainda, o papel do grupo econômico como alternativa ao modelo tradicional de governança global e de financiamento internacional.
“O Brics é o novo jeito de fazermos o multilateralismo sobreviver no mundo inteiro”, afirmou Lula, ao criticar a hegemonia dos países desenvolvidos nas instituições multilaterais criadas no pós-guerra. Segundo o presidente, passados 80 anos desde a Segunda Guerra Mundial, é necessário renovar os mecanismos de cooperação entre as nações. “O multilateralismo foi uma coisa que deu certo, mas querem destruir. Precisamos ter consciência que precisamos de mudança”, disse.
O presidente também condenou a lógica dos empréstimos internacionais praticada por algumas instituições financeiras. “Não é emprestar dinheiro e falir os países. Queremos um modelo com novo tipo de financiamento, em que os países possam usar a dívida para investir em infraestrutura”, afirmou. Para ele, é preciso romper com o “mais do mesmo” e buscar soluções que respeitem a soberania das nações.
Leia na íntegra a Declaração-Marco dos Líderes do BRICS sobre Finanças Climáticas.
Entenda o que é o Brics
O Brics é um foro de articulação político-diplomática de países que formam o Sul Global, que busca cooperação internacional e o tratamento multilateral de temas globais.
O grupo é composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, e ainda tem como países parceiros a Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
Além de buscar mais influência e equidade de seus integrantes em instituições como Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brics tem ainda o objetivo de criar de instituições voltadas para seus participantes, como o Novo Banco de Desenvolvimento, chamado de banco do Brics.
Além do presidente do Brasil, os líderes participantes presentes na cúpula do Brics no Rio de Janeiro foram:
– Sergey Lavrov, Ministro das Relações Exteriores da Rússia;
– Sheik Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan, Príncipe herdeiro dos Emirados Árabes;
– Prabowo Subianto Djojohadikusumo, Presidente da Indonésia;
– Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul;
– Narendra Modi, Primeiro-Ministro da Índia;
– Li Qiang, Primeiro-Ministro da China;
– Abiy Ahmed Ali, Primeiro-Ministro da Etiópia;
– Moustafa Madboul, Primeiro-Ministro do Egito;
– Seyed Abbas Araghchi, Ministro das Relações Exteriores do Irã.